quinta-feira, 26 de junho de 2014

Imagine Liam Payne




A música tranquila adentrou meus ouvidos como se fosse a mais bela canção que eu já ouvira, e pra mim de fato era. Acordar ao som de Passenger sempre era sinal de alguma coisa, pra ser mais específica, acordar ao som de Let Her Go era sinal de uma única coisa: ligação. A voz de Michael ecoou pelo quarto fazendo-me sorrir involuntariamente e aos poucos abrir os olhos para tatear a mesa em busca do meu celular.

- Alô? - Disse baixo.

- Onde você está? - A voz da minha mãe se fez presente. Eu suspirei. Droga!

- Er… Estou na casa da… Brittany. - Eu falei incerta e escutei-a suspirar

- Não acredito que está com aquele rapaz de novo.

- Mãe… - Tentei explicar.

- Arrume-se e venha pra casa. O jantar com seu noivo será daqui há 20 minutos. - Interrompeu-me e desligou sem ouvir sequer um “eu te amo” da minha parte.

Ainda grogue, coloquei meu celular na mesinha novamente e levantei para tomar um banho. Não sabia onde Liam estaria pela casa, mas seu cheiro entregava sua presença. Troquei de roupa o mais rápido que pude e ao sair do quarto vi Liam na cozinha preparando algo.

- Não! - Ele disse firme mesmo estando de costas.

- O que foi? - Eu ri ao perceber que era comigo.

- Você não vai embora agora. Nem que você só coma uma panqueca, mas vai comer algo. - Virou-se pra mim sério.

- Liam, minha mãe ligou e…

- E nada! Seu noivinho idiota que espere com a cara de nada que ele tem. - Interrompeu desmanchando sua cara séria e me deu um selinho demorado.

- Como sabe que ele está me esperando?

- Hoje não teria um jantar com a família dele?

- Nossa, só eu esqueci então. - Nós rimos e começamos a comer. Eu com certeza me atrasaria.

Eu e Liam comemos o que era necessário para manter nossa fome controlada, afinal, não foi muito o que ele conseguiu fazer pra comermos. Liam ainda me segurava naquele apartamento mesmo depois de termos tomado nosso café da manhã.

- Tenho que ir. - Falei levantando, mas ele segurou minha mão.

- Você não pode ir agora.

- Liam…

- Eu tenho vontade de te roubar pra mim sabia?

- Você sempre diz isso. - Abracei-o apertado e meu celular voltou a tocar. - Alô?

- Eu te disse pra estar aqui em 20 minutos. - Minha mãe esbravejou.

- Desculpe mãe, eu já estou saindo. - Bati no ombro de Liam, virei de costas pra ele e em seguida arregalei os olhos ao senti-lo com os lábios no meu pescoço.

- Será mesmo (s/n)? - Sua voz soou mais calma dessa vez. Estremeci com os beijos que estava recebendo no ombro e que logo passaram para minha nuca.

- Eu prometo. - Falei baixo e fechei os olhos quando Liam me fez encostar em seu peito nu e apertou firmemente minha cintura. - Só isso? - Perguntei apressada e ele riu abafado por conta da sua boca grudada na minha pele.

- Só. Chegue logo, ou…

- Tudo bem mãe. Te amo. - Desliguei o celular rapidamente e me desvencilhei dos braços de Liam. - Está louco?

- Um pouco.

- Não acho que seja um pouco. - Falei apressada pegando minha bolsa.

- Te vejo ainda hoje?

- Acho que sim. - Dei um selinho rápido em sua boca e quando percebi que ele ia me segurar pela cintura, fechei a porta com pressa e desci pelas escadas o mais rápido que pude.

Eu ainda não sabia ao certo o que faria antes ou depois do meu casamento a respeito de Liam. Eu seria obrigada a casar com James Trumell. Isso porque meu pai era dono de uma das maiores empresas de processos logísticos de Londres, em uma de suas aquisições meu pai conheceu o Sr. Trumell, pai de James, logo ficaram amigos e para surpresa de todos se transformaram em sócios.

Em um jantar com as duas famílias, o Sr. Trumell praticamente me entregou seu filho em minhas mãos dizendo que ele era muito bobo e que precisava urgentemente se casar, eu ainda não conhecia o Liam, não tinha namorado e até cogitei essa possibilidade deixando-a para trás logo após ver o rapaz. Ele não fazia nada do meu tipo. Nesse mesmo jantar o pai de James anunciou que deu um golpe em meu pai e virou majoritário da empresa com 60% de seus negócios. Disse que logo devolveria a porcentagem antiga de meu pai, mas só se eu casasse com seu pobre filho abandonado. E bem, acho que todos já devem saber a resposta… Mas quando conheci Liam toda a minha determinação em cumprir a minha obrigação se esvaiu.

Flashback On

Há uns dez minutos eu estava na frente daquele computador sem saber o que fazer, não tinha a mínima paciência pra escrever o artigo que necessitava para uma matéria na faculdade. Essa paciência ficou ainda mais curta quando James apareceu no meu campo de visão. A vontade de rir veio junto e de fato eu não sabia se ria ou chorava. O meu noivo estava diante de mim com uma jaqueta preta de couro, uma calça azul bem justa,uma basqueteira branca e o seu cabelo loiro completamente bagunçado, parecia que tinha levado algum tipo de susto. Eu ri descontroladamente e ele me olhou confuso.

- Não gostou? - Perguntou parecendo ofendido e eu logo parei de rir.

- Er… Isso não… Bem… - Tentei explicar vendo-o sentar no sofá suspirando pesado. - Isso não combina com você, James.

- Era pra te agradar. - Olhou para o chão. - Eu sei que você não gosta de caras tão arrumadinhos como eu.

- É… Realmente não gosto, mas você não pode fingir ser o que não é por minha causa. De todo jeito vou casar com você. - Respondi olhando novamente para o meu computador.

- Só irá casar por causa do acordo. - Ele disse fraco e eu soltei uma lufada de ar.

- Você soube disso desde o início e até compactuou com seu pai. Não me venha com sentimentalismos agora, James.

- Tudo bem então. - Levantou-se e aproximou-se de mim como um raio.- Arrume-se que vamos a um show com minha prima.

- O quê? - Gritei indignada. Ele acha que eu sou seu chaveiro?

- Você é minha noiva e terá de ir onde eu quiser e agora eu quero ir ao show da banda preferida da minha prima.

- Você não gosta de bandas teens.

- Fiz um trato com ela e tenho que cumprir. Não me pergunte mais nada, ande logo. - Falou de seu jeito grosseiro como sempre e eu bufei enquanto me levantava para vestir algo apresentável.

Durante todo o caminho Elisabeth, a prima de James, me fazia perguntas sobre o que eu estudava e se eu conhecia a sua tão amada banda. Eu ria enquanto ela falava animada sobre os integrantes e toda a história do One Direction. Achei interessante e prestei atenção ignorando James que revirava os olhos enquanto dirigia. O show se passou rápido e foi bem animado, os rapazes tinham uma presença de palco espetacular e passavam uma energia boa pra quem assistia. Eu saí do camarote com uma sensação boa dentro de mim.

- Seria maravilhoso se encontrássemos os meninos, vocês não acham? - Elisabeth dizia dando pulinhos enquanto saíamos do show partindo para um estacionamento mais reservado logo atrás do estádio.

- Eu não acho nada. Quero ir embora logo dessa bosta de show! - James disse emburrado.

- Acho que seria… - Fui interrompida por um grito histérico de Elisabeth e a vi correr em direção de dois rapazes.

- Harry! - Ouvi-a dizer algo enquanto abraçava um dos rapazes altos.

- Vou buscá-la agora. - James falou com os dentes cerrados.

- Nada disso! Deixe ela curtir os ídolos. - Eu falei puxando seu braço vendo-o sorrir com o toque.

- Tudo bem. - Voltou para a posição anterior e acariciou meu rosto delicadamente. - Nós podemos…

- Não podemos nada. - Cortei sua fala dando uma tapa na sua mão. - Já disse que não quero que me acaricie.

- Mas eu sou seu noivo, porra! - Gritou irritado e puxou meu braço com força.

- James, me solta, você está me machucando. - Eu disse com dificuldade.

- Não estou nem aí! Eu vou te beijar (s/n) e você vai corresponder. - Falou se aproximando, mas acabou saindo de perto de mim abruptamente.

- Não sabia que ainda haviam homens da pré-história. - Um rapaz tão alto quanto o que Beth abraçava disse firme após dar um soco em James. Olhei para o chão e o vi caído segurando o nariz sangrento. - Está tudo bem com você?

- Sim.- Respondi ainda atônita e ele sorriu. Pude observar sua boca vermelha e carnuda. - Obrigada.

- Prazer, Liam. - Estendeu sua mão.

- (s/n). - Sorri sem graça apertando-a.

Flashback Off

Desde esse dia eu não consegui parar de ver Liam. Ele soube que o cara que ele bateu era na verdade meu noivo e mesmo assim prosseguiu na tentativa de me conquistar e conseguiu! Minha mãe e meu pai descobriram nossa relação secreta e não disseram nada, meu pai disse que era meu direito já que eu estava casando por causa dele. O combinado com os meus pais foi que assim que eu me casasse com James e o papel de tomada de posse da empresa estivesse em suas mãos, eu iria me divorciar e seguir minha vida com Liam. Cheguei em casa e lá estava ele, o ser repugnante que eu serei obrigada a casar.

- Olha ela aí! - James praticamente correu na minha direção e segurou possessivamente a minha cintura. - Onde estava? - Sussurrou enquanto fingia um sorriso.

- Vou me trocar. - Falei alto para que todos ouvissem.

- Não precisa. - Minha mãe disse. - Está ótima assim, o jantar já está bastante atrasado (s/a).

- Tudo bem.

(…)

Eu não falava com Liam há duas semanas. Não sabia o que ele andava fazendo esses dias, nem como estava, tudo isso porque James não saía do meu pé. Parecia que sabia de tudo e tentava me impedir de ter contato com Liam. Hoje será o dia do nosso casamento, me sinto um animal indo para o sacrifício que acabaria com sua vida. Olhava-me no espelho vestida com todo aquele tecido branco e me sentia estranha. As lágrimas caíam sem parar pelo meu rosto e eu pensava em como podia existir uma noiva tão infeliz como eu, as noivas deveriam estar felizes, não deveriam?

- Você está linda. - Ouvi a voz da minha mãe logo atrás de mim.

- Me sinto um nada. - Falei entre soluços e logo senti suas mãos em meu ombro.

- Isso vai passar. Você pode se apaixonar por ele, minha querida. - Afagou o local que tocava.

- Eu tive esse tempo todo, acha mesmo que ainda dá tempo de me apaixonar por aquele idiota? - Virei em sua direção indignada.

- Desculpe.

- E bem, tem o Liam…

- Eu sei. Queria muito te ver feliz, com ele, com o James.

- Só consigo ser feliz se for com o Liam. - Disse seca e virei novamente para o espelho enquanto secava as lágrimas.

- Entendo. Será que um dia vou conhecê-lo? - Falou mais pacífica e me abraçou.

- Quando eu me livrar do pateta do James. - Ouvi-a suspirar e me abraçar com mais força quando virei em sua direção. - Eu te amo, mãe.

- Eu também te amo, filha. Acho que você deveria ir ver seu pai.

- E por quê?

- Não sei. Instinto de mãe, ultimamente ando com essas coisas! - Exclamou e eu ri me recompondo para sair do quarto.

Arrumei meu rosto para que não ficasse muito na cara que eu estava chorando e abri a porta lentamente, afinal, eu não estava autorizada pelo meu noivo a sair do quarto. Escutei algumas vozes na sala adjacente e lentamente me dirigi até ela colocando o ouvido próximo a porta. A voz era do meu pai e do Sr. Trumell.

- Tudo bem, você quer mesmo esse papel. - Sr. Trumell parecia cansado por seu tom. - Eu te darei já que esse casamento é certo.

- Acho bom. Minha filha por essas horas já está arrumada.

- Ótimo. - Alguns minutos se passam e nada foi ouvido. - A empresa é sua novamente. Faça bom proveito.

- Eu farei, sempre fiz, Trumell. - Meu pai disse e eu ouvi passos na direção da porta e corri para a sala ao lado e logo fechei a porta. Era a sala de jogos da minha casa.

Aos poucos fui abrindo a porta minutos depois e vi o corredor vazio. Com cautela, coloquei meu corpo pra fora e segui para o escritório do meu pai encontrando-o sorrindo olhando o papel em suas mãos. Assim que me viu seu sorriso aumentou e com um gesto de cabeça pediu para que eu me aproximasse.

- Está vendo isso aqui? - Ergueu o papel.

- Sim. - Minha voz falhou. Era isso mesmo que estava acontecendo?

- Sua liberdade.

- Pai…

- Você não tem muito tempo, (s/n). Daqui a uns dez minutos é o seu casamento e se demorar demais não terá como fugir de James.

- Por que isso pai? Já está tudo certo?

- Sim. Está! - Ele sorriu e levantou-se. - Eu não quero te ver triste nem que seja por uma, duas horas… É esse o tempo que dura um casamento, não é?

- É. - Ri e abracei-o com força.

- O seu namorado “secreto” está te esperando na garagem. - Fez aspas e eu arregalei os olhos.

- Como sabia?

- Tenho meus contatos, (s/n). Agora vá! - Ordenou, mas o sorriso não abandonava o seu rosto.

- Obrigada, pai. - Beijei sua mão e saí o mais rápido que pude da minha casa.

Ao ver Liam encostado no carro escuro do meu pai eu quase enlouqueci. Chamei seu nome tirando sua atenção do celular e corri até ele pulando em seus braços. Escutei sua gargalhada e apertei-o mais entre meus braços. Não aguentando mais a saudade, beijei seus lábios avermelhados com vontade e pressa.

- Tenho ordens pra levar a mocinha o mais rápido possível. - Comentou após o beijo e dirigiu-se para pegar minhas malas que um segurança havia deixado, acredito eu, enquanto nos beijávamos.

- Então vamos logo. - Eu disse e entrei no carro. Liam seguiu para a porta malas, mas quando olhei para trás para vê-lo, senti um puxão em meu braço.

- Pra onde a vadia pensou que estava indo? - James gritou bem próximo ao meu rosto enquanto apertava meu braço.

- Me solta, seu inútil. - Gritei de volta tentando me soltar, mas o aperto só ficou mais firme.

- (s/n)! - Liam disse largando as malas com tudo e correndo em nossa direção.

Assim que Liam se aproximou, o aperto no meu braço foi afrouxando até se tornar nulo. Vi meu ex noivo deitado no chão e um Liam completamente animalesco em cima dele distribuindo murros por seu rosto.

- Liam! - Falei o mais alto que pude e imediatamente ele parou. - Vamos embora logo, por favor! - Ele me olhou e eu me aproximei para puxá-lo.

Seguimos os dois para o carro rapidamente e Liam saiu do estacionamento fazendo o chamado “cavalo de pau” e se eu não me segurasse, teria com certeza batido com a cabeça em algum lugar do carro. Enquanto nos afastávamos da minha casa, eu via as mãos de Liam ficarem mais leves no volante, ele antes apertava e seu olhos não saiam do trânsito e do retrovisor. Agora ele arriscava uma olhada pra mim e sorria de vez em quando.

- Pode falar. - Eu disse calmamente.

- Você está lindíssima de noiva. Quer dizer, já era linda. - Segurou minha mãe e beijo-a. - Deveríamos ter aproveitado toda a festa e ter casado lá mesmo. - Disse sério e após receber uma tapa no ombro de minha parte, caiu na gargalhada.

- Bobo.

- Finalmente! Finalmente! Finalmente! - A cada palavra seu tom de voz ia aumentando e seu sorriso acompanhava.

- O quê?

- Finalmente vou te ter só pra mim, sem aquele idiota. - Parou no acostamento e me deu mais um beijo, longo dessa vez. - Eu te amo.

- Eu amo mais.

- Ih, vamos ter que discutir isso aí. - Rimos e seguimos a nossa viagem. Eu não sabia pra onde iríamos, como ficaríamos, se o lugar seria seguro, mas o que eu sabia é que com Liam onde eu estivesse estaria perfeito e minha felicidade era certa.

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